terça-feira, 20 de outubro de 2015

O Nadador (Joakim Zander)

A partir do momento em que a mulher que amava morreu por causa de uma bomba que lhe estava destinada, ele passou o resto da vida a fugir - das memórias, do passado, da verdade. Mas aproxima-se o momento em que, para o agente americano que abandonou a filha, fugir deixará de ser opção. Passaram anos. Klara, a filha, é agora adulta. Mas o retomar do contacto com um amigo com informações perigosas acaba por a pôr no centro de uma perseguição sem tréguas. Os seus inimigos tudo farão para impedir que a informação na posse de Klara se torne pública. E é bem possível que o americano seja o único capaz de a salvar...
Com momentos de grande intensidade e uma situação cujas verdadeiras razões só se tornam claras já numa fase bastante avançada do enredo, este é um livro capaz de despertar sentimentos ambíguos. Isto acontece principalmente porque grande parte do enredo se centra na perseguição, deixando, por um lado, os motivos, e por outro a caracterização das personagens para uma fase relativamente tardia da narrativa. Ora, se isto contribui em muito para manter acesa a curiosidade em saber as razões do que está a acontecer, cria também uma certa distância relativamente às personagens. Distância que se atenua na fase final, ainda assim.
O elemento dominante é, portanto, a acção. Há sempre a alguma coisa a acontecer, uma ameaça a que é preciso fugir ou algum tipo de acção que é preciso levar a cabo o mais rapidamente possível. Ora, isto é particularmente interessante tendo em conta que a história se divide entre várias personagens, ainda que todas elas com algum tipo de relação entre si. Acrescente-se a isto uma escrita bastante directa, os capítulos curtos e o crescendo de intensidade da fase final e o resultado é uma leitura que pode não ter grande impacto a nível de personalidades, mas que nunca perde a envolvência. 
E voltando ao desenvolvimento das personagens, importa ainda referir que, apesar da distância da fase inicial, à medida que as relações se vão revelando e que as circunstâncias se tornam mais dramáticas, há, ainda assim, picos de emoção que compensam amplamente a tal distância. Além disso, há na conclusão da história uma estranha paz, que, tendo em conta todas as dificuldades do percurso, acaba por se revelar como particularmente adequada.
Repleto de acção e com uma história envolvente, trata-se, portanto, de um livro que, não sendo particularmente elaborado na construção das personagens, proporciona, ainda assim, uma leitura cativante e surpreendente nos momentos certos. Uma boa leitura, em suma. 

Título: O Nadador
Autor: Joakim Zander
Origem: Recebido para crítica

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