quinta-feira, 2 de julho de 2015

Zoo (James Patterson e Michael Ledwidge)

Algo de errado se passa com o ambiente. Ao longo dos últimos anos, os ataques de animais têm vindo a crescer exponencialmente, acompanhados de um comportamento que não é o típico das suas respectivas espécies. E há anos que Jackson Oz tem vindo a estudar este fenómeno, com elevados custos pessoais. Mas a sua teoria não é propriamente fácil de levar a sério, primeiro, pelo muito que tem de aparentemente improvável, mas também porque Oz não é propriamente o exemplo do reputado cientista. O problema é que os ataques continuam a suceder-se. E está próximo o ponto em que se tornará impossível ignorar o que está acontecer. Mas reconhecê-lo não basta. É preciso encontrar uma explicação... e uma solução. Solução essa que, se exigir sacrifícios, pode não ser facilmente acatada.
Escrito no estilo habitual de James Patterson - capítulos curtos, escrita directa, a acção como centro do enredo - este é um livro que surpreende, em grande medida, pelas diferenças. Diferenças essas que se revelam de forma relativamente gradual, já que o que começa por ser um início em que o perigo e a tensão (e algum excesso de sorte, no caso do protagonista) dominam acaba por se expandir para uma situação em que, sem perder de vista o foco nos acontecimentos, há um maior desenvolvimento em termos de contexto e de causas, desenvolvimento esse que torna a história bastante mais interessante.
Ora, na base deste desenvolvimento, está uma teoria bastante interessante, mas também um ponto de partida para alguma ponderação sobre a capacidade da humanidade - e, em particular, dos membros poderosos - para fazer escolhas difíceis. É esta, aliás, a base de um dos desenvolvimentos mais marcantes da história, acontecimento esse que abre caminho a um final que, longe de dar todas as respostas, levanta, ainda assim, algumas questões relevantes.
Sendo centrado, acima de tudo, nos acontecimentos e, em menor grau, na perspectiva global, este é um livro que facilmente adquire o já habitual ritmo viciante. Mas, talvez por se debruçar mais sobre a situação global - o que se compreende, tratando-se à partida de um potencial apocalipse - perde-se um pouco de vista o desenvolvimento das personagens. Ora, Oz não é propriamente o tipo de pessoa que desperta empatia, o que acaba por criar uma certa distância, ainda que atenuada pelos desenvolvimentos de um final que, mesmo deixando bastante em aberto, acaba por retratar tanto o pior como o melhor da humanidade.
Tudo somado, temos uma leitura envolvente e surpreendente, com um ponto de partida interessante e uma história que, de reviravolta em reviravolta, nunca deixa de cativar. Uma boa história, em suma, e uma boa leitura. 

Título: Zoo
Autores: James Patterson e Michael Ledwidge
Origem: Recebido para crítica

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