quinta-feira, 26 de março de 2015

Incontrolável (Sylvia Day)

Todos sabem que o casamento deles é uma farsa, um acordo que permite a ambos conquistar a liberdade que desejam. Acima de tudo, Isabel, Lady Pelham, e Gerald Faulkner, marquês de Grayson, são amigos e isso é tudo o que esperam da sua união. Mas tudo se altera quando Grayson recebe uma carta e sai de casa... para voltar quatro anos mais tarde e completamente mudado. Aparentemente, a perda que o manteve longe foi a mesma que lhe permitiu ver que, na verdade, anseia por mais que amizade da parte de Isabel. Mas, ainda que o marido já esteja bem longe do jovem inconsequente com quem casou, as marcas do passado estão ainda bem presentes na vida de Isabel. E talvez a sedução não seja suficiente para a levar a ceder...
Um dos aspectos mais interessantes neste livro é a forma como evolui de uma história relativamente leve, em que os momentos caricatos dão alma a uma sucessão de episódios de tensão erótica que parecem, por vezes, um pouco forçados, para uma relação mais equilibrada, em que o afecto se associa ao erotismo, abrindo caminho até a alguns momentos surpreendentemente emotivos. Assim, o que começa como uma história cativante, mas não propriamente surpreendente, ganha força e envolvência à medida que as personagens se dão a conhecer. Com o evoluir dos acontecimentos, a leitura chega a tornar-se viciante.
Para esta evolução positiva, o aspecto que mais contribui é a percepção gradual que o casal protagonista ganha dos sentimentos um do outro. Grayson começa por parecer um homem demasiado teimoso, incapaz de aceitar um não como resposta e que acha que tudo se resolve na cama, mas o desenrolar da sua relação revela uma personalidade bastante mais complexa, desde as sombras de um passado que continua a atormentá-lo a percepção crescente de que os seus sentimentos são verdadeiros. Com Isabel, acontece, de certa forma, o percurso contrário, da mulher demasiado marcada pelo passado e, por isso, disposta a aceitar apenas relações que não envolvam posse, à revelação de um espírito capaz de grandes afectos, mas também de pequenos momentos de descontracção. 
Claro que tudo isto envolve uma grande medida de sensualidade. Mas se, na fase inicial, as cenas eróticas parecem um pouco forçadas, com o evoluir dos acontecimentos, estabelece-se um bom equilíbrio entre o aspecto físico e o lado emotivo. Além disso, a história não vive só da relação entre Isabel e Grayson, e o pequeno toque de intriga dos seus antigos amantes (que poderia talvez ter sido um pouco mais desenvolvido), os planos maquiavélicos da mãe de Grayson e a mais discreta, mas igualmente cativante, história de amor entre Rhys e Abby, complementam a história com novas personalidades e novas emoções, tornando o todo muito mais forte.
O que fica, portanto, deste Incontrolável é a impressão de uma leitura cativante, com uma boa dose de sensualidade e uma muito agradável evolução no sentido do equilíbrio entre o erotismo e tudo o mais que tem de interessante. Uma boa leitura, em suma.

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