segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A Educação de Felicity (Marion Chesney)

Com mais de cinquenta anos e bastante mal de finanças, as irmãs Tribble depositam todas as suas esperanças na morte iminente de uma velha tia. Mas, quando descobrem que a herança com que contavam foi, afinal, deixada a um oportunista, vêem-se sem outra alternativa que não a de encontrarem um trabalho. Por isso, decidem lançar-se como educadoras de jovens rebeldes. E o seu primeiro caso não é nada fácil. Felicity Vane foi educada como uma maria-rapaz e o seu temperamento rebelde afasta dela qualquer potencial marido. Nem mesmo o marquês de Ravenswood, para quem o casamento com Felicity poderia ser uma união conveniente, a consegue suportar. A orientação das irmãs Tribble parece ser a última esperança da mãe de Felicity. Mas ninguém imagina as dificuldades que as esperam.
Escrito com uma leveza cativante e com várias personagens e episódios caricatos, este é um livro que cativa, acima de tudo, pelo tom de descontracção. Tudo é peculiar, desde as circunstâncias e ambições das irmãs Tribble à muito atribulada relação entre Felicity e Ravenswood, sem esquecer, entre outros, o oportunista que ficou com a herança das irmãs e os não muito eficientes planos de fuga de Felicity. E se, numa fase inicial, tantas situações caricatas criam uma sensação de estranheza, com o evoluir dos acontecimentos, a história torna-se quase irresistível, com o emergir de um interessante equilíbrio entre humor e emoção.
No que diz respeito às personagens, sobressaem alguns temperamentos bastante vincados, o que, por vezes, cria algumas situações um pouco estranhas. Mas também neste aspecto a estranheza se desvanece passada a fase inicial, quando as aparentes contradições de Felicity e Ravenswood acabam por se desvanecer com a revelação das suas verdadeiras naturezas. Além disso, a evolução do ódio ao amor nunca deixa de ser interessante enquanto base para uma história.
Se, no que diz respeito ao casal protagonista, a história encontra uma conclusão perfeitamente satisfatória, no que toca às irmãs Tribble fica ainda muito por dizer, o que, sendo este o primeiro volume de uma série, cria boas expectativas e desperta curiosidade para os volumes seguintes. Claro que teria sido interessante saber já um pouco mais sobre certos aspectos - e, mais uma vez, o possível papel do oportunista volta a sobressair - mas o prolongar do mistério promete também muito de bom para o que se seguirá.
Divertido e surpreendente, trata-se, pois, de um livro leve e cativante, com personagens tão peculiares como os episódios em que se vêem envolvidas e algumas pontas soltas que prometem também outras histórias igualmente interessantes. Uma boa leitura, portanto. 

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