sábado, 6 de dezembro de 2014

Amo, Amas, Amar (Miguel Almeida)

O amor, nas questões e sentimentos que desperta, nos momentos que provoca e nas memórias que deixa. O que é e como abala a vida, de que forma é experimentado por quem o sente e que formas toma no coração de cada um. De tudo isto e de mais, talvez, fala este conjunto de poemas, que, organizados, numa estrutura bem definida, como numa viagem pelas diferentes facetas do sentimento, têm, ainda assim, o elo comum e universal que é o tema no centro de todos eles.
Uma das dificuldades de escrever sobre um tema tão vastamente explorado (e com tão vasto potencial) como o amor é a facilidade com que é possível cair no lugar comum, nas ideias mil vezes repetidas. Ideias que são, muitas vezes, difíceis de evitar e que, por isso, estão também aqui presentes, em certa medida. Mas é essa medida acertada que faz com que a leitura se mantenha cativante. É que, associadas às ideias familiares, há imagens inesperadas, conceitos surpreendentes e uma forma de encarar o amor que, apesar de ancorada no sentimento comum, consegue, ainda assim apresentar uma perspectiva própria.
Talvez seja também, em parte, por isso que os poemas mais marcantes são os mais elaborados - o que não significa necessariamente os mais longos. É que, quando a grande maioria dos poemas se define por versos curtos e relativa simplicidade (de escrita, principalmente, já que, nas ideias, há umas quantas surpresas), a experiência de encontrar um poema num registo mais complexo, mais elaborado, acaba por acrescentar algo de surpreendente.
Ainda uma outra dificuldade num livro que é, todo ele, definido por um mesmo tema, é a ocasional repetição de ideias. Mas, neste caso, e ainda que, numa leitura seguida, possam sobressair mais os elementos comuns, também este percurso em torno de um mesmo elemento surge na medida certa, criando paralelismos sem se tornar demasiado monótono.
Dito isto, poder-se-ia definir este conjunto de poemas como uma viagem através do amor, enquanto sentimento pessoal ou universal. Sempre com a perspectiva própria do autor e um interessante contraste entre a simplicidade das palavras e a - por vezes, inesperada - complexidade do que contêm, uma boa leitura.

1 comentário:

  1. Muito obrigado pela leitura e pela apreciação deste "Amo, Amas, Amar". Gostei muito, Carla Ribeiro. De resto, considero-me um privilegiado por te ter como leitora e por ter tb. "As Leituras do Corvo" como espaço de opinião e de divulgação deste meu novo livro de poemas, que espero venha a ter muitos e bons leitores.
    Bjinhos, Carla. Votos de um Ano de 2015 recheado de coisas boas.

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