domingo, 4 de agosto de 2013

E Depois, a Paulette... (Barbara Constantine)

Desde que o filho mais novo deixou a quinta, levando consigo a mulher e os filhos, Ferdinand vive sozinho. Tem as suas rotinas e as suas pequenas travessuras, mas a verdade é que não consegue ser feliz a viver naquele lugar deserto. Mas, um dia, tudo muda. Ao passar pela casa da vizinha, apercebe-se de que o tecto está prestes a desabar sob a força da tempestade e, sem pensar demasiado no assunto, convida-a a partilhar a sua casa. Essa mudança é apenas o início. Com o passar do tempo e novos acontecimentos, outras pessoas em necessidade juntam-se também àquele lugar. E, quase sem crer, forma-se uma comunidade. E talvez todos sejam mais felizes assim...
Relativamente breve e com uma história que acaba por ser, no essencial, tão simples como a forma como está escrita, este livro cativa principalmente pelas emoções que evoca. Com os seus protagonistas, cuja idade nem sempre se reflecte nas acções, com o que vivem e as vulnerabilidades que apresentam, a autora traça um retrato que tem tanto de nostalgia como de ternura. É fácil simpatizar com os novos habitantes de quinta, sentir empatia para com as suas circunstâncias, sorrir ante os seus momentos mais ternos e sentir a emoção das suas vulnerabilidades. E tudo isto numa história que é mais de pequenos gestos que de grandes acontecimentos.
Nesta história aparentemente simples, por vezes, quase inocente, há também questões relevantes a surgir, desde o que aproxima e afasta os jovens dos idosos, às diferenças entre gerações, passando pelo que dá sentido à vida e pelos inevitáveis problemas associados às relações. São questões que surgem aos poucos, de forma discreta e sem prejudicar a leveza da narrativa, mas que tornam o impacto da história um pouco maior.
Toda a evolução dos acontecimentos é interessante, ainda que fique a impressão de um futuro por explorar. O final é ambíguo em alguns aspectos e, principalmente no que respeita a Murial, há explicações que nunca são dadas. Poderia, talvez, ter havido um maior desenvolvimento nesse aspecto, mas não é algo que, por estar ausente, prejudique o essencial da história.
Cativante e enternecedor, E Depois, a Paulette... é, no fundo, uma história feita de pequenas coisas, mas de grandes sentimentos. Uma leitura leve, agradável e, por vezes, tocante, com uma boa história e personagens marcantes. Gostei.

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