sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Tempo Entre Nós (Tamara Ireland Stone)

1995. Anna é uma jovem de dezasseis anos, com uma vida normal e o sonho de viajar pelo mundo. Mas não sabe que o seu sonho se concretizará de uma forma completamente diferente da que espera. Tudo começa com a chegada do novo aluno. Bennett é um rapaz misterioso, algo distante, apenas de passagem por Everston e pela sua escola. Ainda assim, Anna sente-se atraída, até porque, e ainda que ele afirme tratar-se de outra pessoa, ela está segura de que já o viu antes, na pista. Mas a distância de Bennett tem uma razão de ser e o mesmo acontece com os seus comportamentos mais estranhos. É que Bennett veio do ano de 2012 e o seu dom de viajar no tempo coloca-o numa situação especial. Ambos sentem que não deviam estar juntos e Bennett faz o possível por manter a distância, mas, à medida que se começam a conhecer, o afecto acaba por se tornar mais forte. Mais forte que o tempo, talvez... ou assim esperam.
Narrado na primeira pessoa e com o romance entre os protagonistas como elemento central, esta é uma história que vive, em grande medida, das emoções. A ligação entre Bennett e Anna e as barreiras que os separam definem grande parte dos acontecimentos e, por isso, o afecto entre ambos e a capacidade desta ligação de gerar empatia quem lê são dois dos principais pontos fortes desta história. Isto porque, nas linhas essenciais, a relação não é propriamente surpreendente, tendo muito em comum com muitas outras histórias de amor entre jovens. Mas a construção de bons momentos de emoção e traços de personalidade cativantes basta para compensar as situações mais previsíveis.
Sendo um romance entre adolescentes, é inevitável que haja alguns dos habituais dilemas a surgir ao longo da história. Isto gera, inevitavelmente, algumas situações mais complicadas. A posição de Anna, em particular, e a forma como lida com o dom de Bennett realçam os traços mais contraditórios de uma personalidade em construção, reflectidos em alguns momentos de conflito nem sempre facilmente compreensíveis. Há, ainda assim, um lado positivo para estes momentos mais forçados, já que alguns deles servem de base para explicações sobre a capacidade de Bennett de se deslocar no tempo.
Capacidade que acaba por ser o grande ponto forte deste livro. As particularidades do dom de Bennett acrescentam algo de novo ao habitual romance entre adolescentes e a forma como a autora os desenvolve, num bom equilíbrio entre a aplicação natural das coisas e a inevitável estranheza dos que têm de lidar com isso, torna mais cativante a leitura e mais intrigantes as possibilidades na relação entre os protagonistas. Além disso, toda a questão das viagens no tempo - e de algumas mudanças operadas no passado - levantam a sempre interessante questão dos efeitos de uma pequena mudança no sentido global das coisas.
Ficam algumas perguntas sem resposta. Ao narrar a história na primeira pessoa, a autora deixa na sombra muitos dos problemas e dos pontos de vista de Bennett, havendo ainda aspectos por explorar relativamente à sua história e às capacidades que detém. Não são, ainda assim, elementos essenciais à compreensão do que foi contado, funcionando antes como pistas que despertam a curiosidade do leitor para o que virá num próximo livro.
Envolvente e de leitura agradável, este é, assim, um livro que, não sendo particularmente surpreendente em termos de romance, cativa, ainda assim, pela capacidade de despertar emoções e pelo toque de diferença que o elemento das viagens no tempo acrescenta à história. Uma boa leitura, portanto. Gostei.

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