sábado, 30 de março de 2013

Férias em Saint-Tropez (Elizabeth Adler)

Ao ver o folheto de Chez La Violette, uma luxuosa casa de férias para alugar, Mac Reilly julga ter encontrado as férias perfeitas para si e para a sua noiva - e companheira de muitas investigações. Mas cedo a situação começa a complicar-se. Primeiro, as gravações do seu programa atrasam-se e Sunny vê-se forçada a partir sozinha, com a promessa de que Mac se lhe juntará em breve. E, ao chegar à casa, descobre não só que o edifício está bem longe das condições imaculadas prometidas no folheto, mas também que há outros inquilinos. Não é difícil concluir que foram enganados. Ainda assim, a estadia em Saint-Tropez pode vir a revelar-se interessante, apesar do engano. Ao mistério da mulher que os enganou, junta-se um roubo de arte que correu mal e um marido controlador determinado a perseguir a mulher até aos confins do mundo. Para Mac e Sunny, as férias serão tudo menos tranquilas, mas o mistério é irresistível e o grupo a que, involuntariamente, se juntaram tem também muitas qualidades.
Leve e descontraído, mas com as medidas certas de acção e mistério, este é o tipo de livro que, não sendo particularmente surpreendente, consegue, ainda assim, cativar pela caracterização das personagens e pela forma como as suas experiências as fazem crescer. Para criar o seu grupo de Inadaptados, a autora conjuga personagens com histórias de vida e personalidades muito diferentes, fazendo-as evoluir através do convívio uns com os outros.Consegue, além disso, revelar profundidades insuspeitas em personagens à primeira vista estereotipadas, revelando as pessoas por debaixo da ideia generalizada. Isto nota-se particularmente no caso de Belinda, mas um pouco em todas as personagens.
Este conjunto de personagens peculiares cativa primeiro pela estranheza e pelo contraste relativamente aos que o rodeiam, mas torna-se mais interessante a cada nova revelação. Ao explorar os erros do passado de alguns deles, o trauma de outros e, para Sunny e Mac, a sua tendência para procurar respostas, a autora desperta empatia e curiosidade relativamente às suas personagens, o que mantém a envolvência da história, mesmo nos momentos mais previsíveis.
Mas, além desta interessante interacção entre as personagens, também os aspectos mais complicados da sua situação contribuem para os fazer evoluir. E aqui surge a relevância do mistério e da ameaça que pende sobre Belinda, já que, para além da empatia surgida pelo conhecimento mútuo, é também a união perante o perigo que marca o crescimento das personagens. Além disso, há muitas questões curiosas no que diz respeito ao mistério - ou mistérios - em jogo e, se as respostas para algumas delas são bastante fáceis de prever, outras há com o seu quê de inesperado. E, mesmo quando a resposta é previsível, a forma como esta é obtida tem sempre algo de interessante, seja por momentos de improvável heroísmo, seja pelos simples acasos que expõem a pista que faltava.
Importa falar, por último, dos aspectos emocionais. Desde a simples desorientação perante a vida, à coragem de deixar para trás o que dói, passando pela superação do trauma e pela particularmente enternecedora história de uma criança esquecida, há, em muitas das questões da vida das personagens, aspectos que, de forma mais ou menos discreta, abrem caminho para momentos comoventes. São estes traços de emoção que, junto com as questões de crime e mistério, tornam mais sólida a união entre o grupo dos Inadaptados, abrindo caminho para a evolução das suas histórias e para uma conclusão que, além de intensa em acção e esclarecedora em revelações, acaba por marcar pelo que tem de enternecedor.
Este é, por isso, um livro, que, não sendo particularmente inovador, conjuga, ainda assim, as medidas certas de crime, intriga, emoção e afecto, numa história divertida e cativante, mas também rica em momentos emocionantes. Uma boa leitura, portanto. Gostei.

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