terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

António e Cleópatra (Adrian Goldsworthy)

Muitas vezes adaptado e reconstruído, o romance entre António e Cleópatra conta-se entre as mais marcantes histórias de amor.. Mas onde fica a História em todas essas versões do romance? Afastando um pouco a ficção e o romantismo, Adrian Goldsworthy, apresenta, neste livro, as vidas e os feitos dos dois amantes, bem como o contexto histórico em que viveram. Tendo por base os factos conhecidos, o que se sabe ser verdadeiro pode estar um pouco longe do romance idealizado. Ainda assim, a verdadeira história não é menos interessante.
Apesar de ter como centro as vidas de António e Cleópatra, este é um livro que não se resume à história de ambos. Na verdade, este é um dos aspectos que mais cativa nos livros deste autor: além do tema central, o autor tem o cuidado de desenvolver ao pormenor o contexto da época. Neste caso, a exposição dos factos começa pela contextualização do ambiente da época - tanto no Egipto como em Roma - nos anos prévios ao nascimento de António e Cleópatra, acompanhando, depois, todas as mudanças ocorridas ao longo da sua vida. O papel de ambos é, por isso, discreto na fase inicial, ganhando protagonismo com o poder adquirido. Ainda assim, só numa fase já avançada são figuras centrais. Os seus papéis são relevantes, e todos os factos que lhe digam respeito são apresentados, mas o contexto em volta é igualmente importante, e, por isso, não é esquecido.
Este é, portanto, mais que um livro sobre António e Cleópatra, sendo também muito esclarecedor sobre outras figuras e momentos essenciais da época, como o percurso de Júlio César ou a ascensão de Octaviano. Sem nunca perder de vista António e Cleópatra - cujas ligações e influência, e, antes,  as duas suas famílias, são frequentemente mencionadas - o autor apresenta um retrato completo e pormenorizado da época em que ambos viveram, reflectindo não só as suas vidas, mas também as mudanças operadas no sistema em que se moviam.
Não é propriamente surpreendente que, tendo em conta a época - e, inclusive, a forma como os nomes eram atribuídos, surgindo frequentes repetições - , haja uma quantidade substancial de nomes, cargos e personalidades a assimilar. Ainda assim, o autor consegue apresentar este cenário complexo e cheio de intrigas de uma forma clara e cativante. Isto leva a que a leitura nunca se torne demasiado densa, sendo fácil assimilar a muita informação apresentada, já que cada novo dado desperta curiosidade em saber mais.
Interessante, completo e muito esclarecedor, este é, pois, um muito bom livro para conhecer melhor a história de António e Cleópatra, da perspectiva histórica. É, também, um retrato completo da época em que ambos viveram, o que apenas contribui para tornar o livro ainda mais interessante. Fica, por tudo isto, a melhor das impressões desta leitura. E, portanto, não posso deixar de recomendar. 

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