sábado, 5 de janeiro de 2013

Na Linha do Horizonte (Nanda Rocha)

Muito pessoal e centrado nos sentimentos do sujeito poético, com ênfase no amor, este é um livro que se define por um estilo de poesia relativamente simples, indo buscar à realidade exemplos concretos para dar voz a emoções individuais. É, também, um conjunto que evoca, por vezes, os principais problemas da sociedade, sempre de uma perspectiva pessoal e relativamente simples, mas reflectindo ideias e pontos de vista concretos sobre o assunto. Sem grandes elaborações a nível de linguagem, e simples na estrutura, é, por isso, a nível do impacto emocional e de algumas imagens mais fortes que se encontra o mais cativante deste conjunto de poemas.
Sem grandes imposições a nível de forma dos poemas, há, ainda assim, em quase todos, uma maior ou menor insistência na rima, o que, nalguns casos, resulta bastante bem, enquanto que, noutros, parece limitar a expressividade do texto, tornando-o um pouco forçado. É esta tendência para a rima, aliada à utilização de versos curtos, que torna os poemas tão simples, deixando, por vezes, a sensação de algo que fica por dizer. Por outro lado, há também poemas em que essas relativas brevidade e simplicidade se adequam na perfeição ao conteúdo, sendo mais evidentes nos textos mais pessoais, em que o concreto cede lugar ao sentimento. São esses, aliás, os poemas mais interessantes do livro.
Apesar do registo bastante pessoal, sente-se, na linha de sentimento que é comum a todos os poemas, algo de comum e de familiar, que os torna fáceis de compreender. O amor e a perda, a saudade, a contemplação ante o que falta e a revolta ante certos dramas do mundo, são comuns a muitos, ainda que com diferentes formas de expressão. Esse olhar sobre a realidade, pessoal e baseado na emoção, mas consciente do mundo em volta, é também parte do que cativa nestes poemas, ainda que sejam os sentimentos - mais que a breve narração de acontecimentos que parece caracterizar alguns dos textos - o seu maior ponto forte.
Simples e relativamente breve, este é um livro que se lê em pouco tempo. Por vezes, deixa sentimentos ambíguos, ficando a impressão de que alguns dos poemas roçam apenas superficialmente temas que poderiam ser mais aprofundados. Ainda assim, há um interessante equilíbrio entre a evocação de imagens do concreto e a expressão dos sentimentos pessoais, que faz com que, mesmo com as limitações impostas pela rima e a excessiva simplicidade de alguns momentos, a leitura nunca deixe de ser agradável. São, por isso, os pontos bons que ficam na memória. Gostei de ler.

Sem comentários:

Enviar um comentário