quarta-feira, 27 de junho de 2012

Solstício de Verão (Tara Moore)

A cada ano em Carrickcross, o Baile do Solstício de Verão é um evento imperdível. Mas, desta vez, está destinado a ser ainda mais especial. O plano é que o evento seja também a data oficial do noivado entre Ashling Morrisson e Rossa Granville, supostamente o melhor dos motivos para celebrar. Mas a verdade é bastante mais complicada. É que há uma inimizade sem tréguas entre Coppelia Morrisson, madrasta de Ashling, e Honoria Granville, avó de Rossa, e o que parece ser uma união entre dois apaixonados esconde os meandros de uma manobra decisiva na batalha entre as duas mulheres. É que ambas têm segredos no seu passado e ambas estão habituadas a manipular tudo e todos, demore o tempo que demorar, de modo a conquistar a vitória. E as verdadeiras razões, só elas as sabem.
Apesar de ter um noivado como ponto de partida, este não é um livro em que o romance tenha grande protagonismo. Funciona, antes, como ponto central de uma história de vingança e preservação de ressentimentos antigos, num enredo com um nível de intriga digno de qualquer corte real. Assim, o que parece, inicialmente, ser a história da relação entre um casal cujas famílias não se entendem acaba por se revelar como algo bem diferente e mais complexo. A história não diz respeito apenas a Ash e Rossa, mas a todos os que os rodeiam nos preparativos para o noivado e, em particular, à complexa e peculiar família Granville.
O que autora apresenta neste livro é, acima de tudo, uma história sobre os segredos do passado e as suas consequências. E fá-lo com um enredo inesperadamente complexo, onde empatia e atracção se conjugam com traição, vingança e morte, tendo como base um elenco de personagens que fascinam pela sua complexidade e ambiguidade moral. De todos os intervenientes nesta história sobressaem forças e fragilidades, podendo a mesma figura despertar compaixão e empatia e, no momento seguinte, revelar-se no seu lado mais detestável. Claro que há alguns que são mais constantes que outros e, neste aspecto, os valores que definem a personalidade de Carrick são bastante sólidos (ainda que ensombrados por um certo preconceito), criando um forte contraste com o lado psicótico dos gémeos Indigo e Sapphire, protagonistas de vários dos elementos mais sinistros do enredo. 
Esta é, portanto, uma história de emoções e situações divergentes. Ora apresenta momentos enternecedores, ora situações simplesmente revoltantes. Num momento, tudo parece encaminhado para um "felizes para sempre", para logo a seguir surgir o lado mais sombrio da história e das personagens. O resultado é uma história sempre envolvente, com muitos momentos surpreendentes e um final intenso e tão moralmente ambíguo como várias das personagens que o protagonizam. 
Com um conjunto de personalidades contrastantes e uma história surpreendente, Solstício de Verão conjuga na perfeição a descontracção dos momentos mais leves com o lado mais sombrio e complexo que se torna inevitável quando se explora o passado. Intenso e viciante... Muito bom.

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