sexta-feira, 4 de maio de 2012

Slated (Teri Terry)

Todas as memórias de Kyla foram apagadas. O sistema chama-lhe uma segunda oportunidade para os jovens criminosos, mas há vários sinais de que a verdade seja bem diferente da história contada ao mundo. Em volta de Kyla, são os que dizem estar lá para a ajudar os que, na verdade, a vigiam em busca de sinais de comportamento inadequado. Os que fazem demasiadas perguntas desaparecem sem deixar rasto. E, quanto aos estranhos sonhos que habitam a mente de Kyla e que despertam memórias que esta não devia ter? A resposta será, provavelmente, que nada é o que parece ser. O processo de apagar as memórias e a personalidade pode ser mais que uma segunda oportunidade para os transgressores: pode ser uma forma de controlar os que questionam o sistema.
Há muitos aspectos interessantes a descobrir ao longo deste livro, começando pelo interessante sistema que, gradualmente, revela o seu lado mais sombrio, mas que surge, desde o início como um elemento gerador de tensão. A história de Kyla é bastante maior que a da descoberta da sua própria identidade. Os sonhos de um passado que não devia recordar, a crescente percepção de que fazer perguntas pode ter graves consequências e a necessidade de fazer escolhas quando nenhuma opção é segura são bases para uma série de circunstâncias que criam empatia para com Kyla. Além disso, as mudanças na sua interacção com o mundo em redor definem um muito interessante foco para uma história que é, no seu todo, muito cativante.
Mas nem tudo é sobre Kyla e a sua interacção com as outras personagens permite uma visão bastante clara do que, de bom e de mau, as define e da verdadeira personalidade escondida sob as máscaras que apresentam ao mundo. Ninguém é exactamente aquilo que o sistema vê. Os que aparentam agir com maior simpatia são os que têm mais a esconder e os distantes e severos podem ser aqueles que realmente se importam. O sistema não aprecia ser questionado e, como tal, as personagens adaptam-se ao sistema. Com a notável excepção de Kyla. E de Ben.
Quanto à parte romântica do enredo, o grande ponto forte é o facto de as coisas não parecerem forçadas. Os sentimentos e a empatia surgem de forma gradual, mesmo tendo em conta que o futuro se afigura negro. A relação entre os protagonistas não é o foco principal, a nível de emoções, mas algo que se desenvolve gradualmente, como complemento à história principal.
Uma boa protagonista, com as medidas certas de força e de vulnerabilidade a definir a sua natureza, numa história com um bom equilíbrio entre acção e emoção e, principalmente, um sistema interessante, do qual muito fica ainda para revelar. São estes os principais pontos fortes deste livro que é, em suma, uma leitura compulsiva e um muito bom início para uma série a acompanhar.

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