terça-feira, 29 de maio de 2012

Sempre que Dizemos Adeus (Anna McPartlin)

Pela segunda vez, Harri Ryan está prestes a casar-se... e, pela segunda vez, acaba nas urgências de um hospital, devido a um ataque de pânico. A situação é inexplicável, pois Harri ama o noivo, mas sempre teve a sensação de não pertencer no lugar que sempre ocupou na vida. Assim, ao mesmo tempo que James se afasta por julgar que os medos de Harri significam que esta talvez não o ame, a família dela decide que contar a verdade é, agora, inevitável. E a verdade é que a verdadeira Harri morreu e que os seus pais a trocaram pela bebé de uma adolescente que morreu a dar à luz. Exposta a verdade, Harri e o seu (suposto) gémeo têm de aprender a lidar com a mentira dos pais, ao mesmo tempo que, tal como os amigos próximos, encontram a força que define as suas relações... ou as fraquezas que dizem que estas devem terminar.
Reconfortante seria uma boa palavra para definir este livro. Apesar das circunstâncias que lhe definem o enredo, não é uma história particularmente complexa e a mentira central de toda a narrativa conjuga-se com os bons e os maus momentos do quotidiano das relações como base essencial do enredo. A própria escrita é, também, bastante simples sem grandes elaborações descritivas e centrando-se nos acontecimentos e, em relação com estes, nas emoções das diferentes personagens. Ainda assim, há, quer no conjunto das personagens, quer na forma como uma história complicada pelas mentiras que a definem se associa à rotina de uma vida "normal", uma boa dose de empatia a surgir e a forma como as personagens se revelam, quer no seu lado mais cativante, quer nos defeitos ligeiramente irritantes, contribui para as tornar um pouco mais reais.
No fundo, são as emoções o que sobressai neste livro. Mais que o toque de mistério criado pelas origens de Harri, ou até que a interacção desta com os pais depois de revelada a verdade, são as relações entre as personagens e a forma como as emoções definem os seus objectivos (Harri na sua busca de uma forma de encarar a verdade, Sue com o segredo que destruiu o seu casamento, Melissa com a vontade de fazer o marido compreender as suas necessidades) o elemento mais evidente em toda a narrativa. Elemento este que se torna particularmente tocante nas ligações ao passado, estabelecidas através do diário de Liv e da forma como este, do ponto de vista da adolescente cheia de planos que vive numa realidade disfuncional, acaba por representar na perfeição os obstáculos que diferenciam o sonho da realidade.
Trata-se, portanto, de uma história relativamente simples, mas cativante e com momentos de grande impacto emocional. De leitura agradável, com algumas personagens particularmente carismáticas e situações bastante tocantes, uma boa história.

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