quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Assassinato de Roger Ackroyd (Agatha Christie)

Durante muito tempo, correu o rumor de que Mrs. Ferrars fora a responsável pela morte do marido. Até que a sua morte por overdose - aparentemente premeditada - veio confirmar as suspeitas e levantar novas questões. É que havia uma relação a decorrer entre Mrs. Ferrars e Roger Ackroyd e, antes de pôr fim à vida, esta ter-lhe-há revelado a identidade de alguém que a andava a chantagear. Mas eis que, quando essa identidade ameaça tornar-se conhecida, pelo menos para Ackroyd, a sua vida encontra um fim prematuro. Então, todos se tornam suspeitos, os possíveis motivos são vários e o verdadeiro culpado será, talvez, quem menos se espera. Ainda assim, nada escapa às celulazinhas cinzentas de Hercule Poirot, que se vê obrigado a interromper a sua reforma para resolver a questão.
É a revelação de quem foi o assassino o grande ponto forte deste livro, não só pelo elemento de surpresa com que esta revelação é feita, mas principalmente pela forma como os pequenos detalhes espalhados ao longo da narrativa acabam por se conjugar na mais surpreendente das conclusões possíveis. Narrado na primeira pessoa pelo Dr. Sheppard, médico, amigo do morto e vizinho de Poirot, o enredo é apresentado essencialmente a partir do seu ponto de vista. Isto permite uma série de deliberadas ambiguidades, mas também uma visão bastante próxima do leque de suspeitos e das motivações na origem dos actos de cada um deles. É também uma forma de acompanhar de perto os passos de Poirot, de proporcionar uma visão bastante peculiar da vida na aldeia (e da coscuvilhice subjacente à vida em sítios pequenos) e de insinuar os pequenos mistérios que apenas no final farão sentido.
Não é propriamente uma leitura compulsiva. O ritmo dos acontecimentos é relativamente pausado, já que, mais que momentos de acção, predomina a busca dos "porquês" e, principalmente, do "quem" na origem das mortes. A escrita é envolvente, ainda assim, e o tom quase neutro com que o narrador apresenta os acontecimentos contribui também para o impacto da grande revelação. Além disso, também na vida doméstica de Sheppard há umas quantas peculiaridades interessantes, destacando-se as inclinações detectivescas da sua irmã Caroline.
Trata-se, em suma, de uma história cativante, com um conjunto bastante peculiar de personagens e que evolui de forma pausada para culminar na mais inesperada das revelações. Intrigante, misterioso e surpreendente... Muito bom.

2 comentários:

  1. Também já li e adorei! Com ela quando nos é revelada a identidade do assassino é sempre uma grande surpresa!

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  2. Terminei de ler ontem haha. É muito bom esse livro, e eu concordo que o ponto forte é a revelação do assasino. Quando eu li quem era fiquei tipo: o que!!!!!!!? O.O

    Amei o blog!!! ^^
    e eu também tenho um:
    http://travelingamongworlds.blogspot.com.br/

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