domingo, 6 de maio de 2012

Maya (Alastair Campbell)

Quando Maya se tornou uma estrela, muitas das suas antigas relações deixaram de existir. Steve era uma excepção e, amigo desde a infância, continuou a ser o confidente a quem Maya contava tudo sobre as frustrações e as dificuldades da fama. Até ao dia em que, determinado a assegurar o melhor para a sua amiga, ou talvez subconscientemente decidido a ter um papel no maravilhoso mundo de Maya, Steve decidiu interferir. As intenções pareciam ser as melhores, é certo. Mas, num mundo onde a privacidade é um conceito pouco familiar, as intervenções de Steve no sentido de desvendar os problemas das relações de Maya viriam a ter consequências inesperadas. E a duplicidade do seu comportamento viria a comprometer uma amizade de longos anos...
Parte mistério e parte reflexão sobre as complexidades da fama, este é um livro que começa de forma cativante, para crescer em intensidade com o evoluir de um enredo que rapidamente se torna de leitura compulsiva. Ao narrar na primeira pessoa a história de Steve, o autor apresenta uma claríssima visão da sua posição ante o que está a fazer: aparentemente com as melhores intenções, mas numa atitude em que os fins parecem justificar os meios e cujas consequências terão inevitavelmente de se fazer sentir - mais cedo ou mais tarde. Esta ambiguidade a nível de valores permite também uma evolução a nível do que o leitor sente para com o protagonista: é fácil sentir uma certa empatia, principalmente ante o que parece ser o caos na vida privada de Maya, para com a necessidade de ajudar que Steve parece sentir, mas, à medida que as circunstâncias evoluem para modos de agir menos correctos, essa empatia transforma-se. Por um lado, quase é possível acreditar que as boas intenções justificarão as más acções. Por outro, o rumo da história evoca, com crescente intensidade, a ideia de uma catástrofe à espera de acontecer, abrindo caminho para um final intenso e surpreendente.
Também enquanto reflexão sobre a fama há, neste livro, uma imagem muito bem construída dos problemas e das dificuldades levantadas a nível de privacidade, ou falta dela. As interacções de Maya com os jornalistas, a forma como qualquer mínimo incidente se torna mediático e, inclusive, a manipulação necessária para tornar atractiva para o público qualquer mudança na sua vida privada, permitem uma imagem global do lado negativo do mediatismo. Além disso, a posição das diferentes personagens ante a fama permite que este tema seja visto de diferentes pontos de vista.
Escrita de forma cativante e com uma abordagem muito interessante às implicações de se ser famoso, trata-se, portanto, de uma história que conjuga um bom enredo com uma interessante base para reflexão. Envolvente, interessante, surpreendente... muito bom.

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