segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Uma Noite de Amor (Mary Balogh)

Neville Wyatt, conde de Killbourne está prestes a oficializar o seu casamento com Lauren, a mulher que sempre lhe esteve destinada, quando uma estranha, vestida como uma mendiga, entra na Igreja. Mas Lily Doyle não é uma desconhecida. Dois anos antes, em circunstâncias extremas, Neville desposou aquela mulher... e perdeu-a no dia seguinte, quando uma emboscada o deixou gravemente ferido e a ela morta. Ou assim pensava. Agora, Lily está de volta à sua vida, mas a mulher livre e selvagem que amou em tempos de guerra não poderá nunca adaptar-se aos modos da classe social a que Neville pertence. A não ser que tenha o melhor dos motivos...
Centrada no romance entre o casal protagonista, mas sem se limitar a esse aspecto, esta é uma história que cativa desde as primeiras páginas. Isto deve-se em grande parte à caracterização das personagens, que revela desde cedo os seus pontos mais cativantes, mas também às circunstâncias em que a história começa. Um regresso inesperado e, provavelmente, no momento mais inconveniente, serve para criar um momento de tensão inicial e para pôr os protagonistas em foco perante as restantes personagens, dando-lhes, desde logo, uma situação delicada para resolver.
Muito do desenvolvimento da narrativa gira em volta da relação entre Lily e Neville, mas nem só do romance e da sensualidade vive esta relação. Se há, de facto, vários momentos em que são estes elementos que se destacam, outros há em que são as dificuldades a ganhar protagonismo: vindos de diferentes classes sociais, as suas diferenças são evidentes e, como tal, por mais que se tente evitá-las, há sempre um abismo a separar os dois apaixonados. Desta situação surge uma interessante abordagem ao romance, com as tentativas de ambas as partes de facilitar as coisas um ao outro, mas também com a percepção de que as diferenças têm de ser superadas para contornar as desigualdades que, de facto, existem entre ambos.
E é este um dos aspectos mais bem conseguidos deste romance. Mais que a história da amada que regressa dos mortos, é o crescimento de Lily, o seu percurso de aprendizagem para estar à altura da sociedade que desconhece, o que mais cativa. A aquisição de novos conhecimentos, sem por isso renunciar à sua própria natureza, cria na história de Lily vários momentos emotivos e, ainda que alguns dos aspectos do seu crescimento pudessem ter sido mais explorados, define-se, ainda assim, uma personalidade que é, em simultâneo, forte e terna e que contrasta com as sombras da culpa que ambos os protagonistas parecem trazer consigo.
Há ainda um outro elemento curioso neste livro. O segredo da identidade de Lily, e a ameaça invisível a este associada, acrescentam ao lado romântico do enredo um interessante toque de mistério (ainda que, nalguns momentos, pudesse também ter sido um pouco mais desenvolvido), contribuindo, também, para a conclusão final do romance entre o casal protagonista.
Envolvente, com vários momentos emotivos e uma história interessante, esta é uma história que, não sendo completamente imprevisível, cativa pela leveza da narrativa, mas também pela caracterização das personagens que a protagonizam. Com bastante de romance, mas não só, uma leitura cativante e descontraída. Gostei.

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