sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Perdida (Mo Hayder)

Quando Jack Caffery toma contacto com o caso, a história parece ser bastante simples: um caso de carjacking que correu mal, porque o assaltante não se apercebeu de uma criança no banco de trás do carro. Mas as coisas começam a complicar-se quando a polícia se apercebe de que as horas passam sem que a criança seja deixada em algum lugar - como seria de esperar num caso semelhante. E, depois, quando o assaltante começa a enviar cartas provocatórias à família da criança desaparecida. Trata-se, pois, de um caso bastante mais complexo que o de um simples assalto e Caffery terá de mobilizar todos os seus recursos para fazer frente a um adversário mais esperto que o de qualquer outro caso. E que talvez esteja onde menos se espera...
Mistério e tensão são dois dos elementos essenciais que definem este livro e algo que nunca falta nas obras desta autora. Com um ritmo compulsivo, gerado em parte pelos capítulos curtos e também pelas constantes dúvidas e surpresas que surgem ao longo da narrativa, a autora constrói uma história que vai crescendo em complexidade a cada reviravolta e que nunca perde força, à medida que Caffery descobre novas possibilidades, para depois as descartar, dando lugar a novas linhas de acção.
E se o enredo principal é, por si só, muitíssimo intrigante, há ainda uma série de elementos secundários a ter em conta. A história de Flea Marley, vinda na continuidade dos acontecimentos do livro anterior, serve não só para acrescentar aos acontecimentos principais a insinuação de uma história maior, mas também para abrir um maior desenvolvimento das personalidades tanto de Flea como do próprio Jack Caffery, detentor de uns quantos segredos. E há ainda a ligação deste com o misterioso Andarilho, ligação que funciona como uma ligação ao passado de Caffery e também como um grande mistério ainda por resolver.
Viciante, escrito de forma cativante, com muito mistério e uma boa dose de emoção (relacionada principalmente com a interacção com as famílias, mas também com os dilemas pessoais de Caffery e Flea), Perdida apresenta mais um muito interessante caso para um protagonista que, não sendo propriamente uma figura empática, marca pela sua complexidade. Intenso e envolvente, um livro muito bom.

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