segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Grace (Richard Paul Evans)

Para Eric, tudo mudou na altura em que, quando tinha catorze anos, encontrou uma rapariga a mexer num contentor de lixo à saída do seu emprego. Grace tinha fugido de casa e, por motivos que só ela sabia, um regresso estava fora de questão. Reside, pois, em Eric a sua melhor esperança de encontrar um lugar onde ficar. E o que começa por ser simples simpatia da parte do rapaz, rapidamente evolui para sentimentos mais profundos, numa história onde dificilmente as coisas poderão acabar bem...
Contada do ponto de vista de um homem que revisita os acontecimentos que lhe marcaram o passado, é no poderoso contraste entre a simplicidade das palavras e a força dos sentimentos que reside a grande força deste livro. A voz que dá vida à história é a da inocência, a de um rapaz que quer acreditar - mesmo quando as dúvidas se insinuam - que tudo se resolverá, que as coisas não são tão graves como parecem. Mesmo quando, de facto, são. É, afinal, a inocência de Eric que permite manter em segredo, durante uma boa parte da história, as razões de Grace para deixar a sua casa. E, por isso, mais que essas razões e a tragédia que as define, é o crescimento da ligação entre Eric e Grace o foco deste livro. A descoberta do amor inocente, a ligação de uma verdade para acarinhar, mesmo por entre a crueldade.
É também este destaque ao convívio entre os dois protagonistas, mais que ao mundo que os rodeia, que leva a que as grandes revelações tenham um maior impacto. A condição de Grace, aquilo que a levou à fuga e, principalmente, a forma como tudo termina surpreendem porque, até ao momento em que são apresentadas, muito pouco levaria a pensar em tais circunstâncias. Há, é claro, uma contrapartida: fica, por vezes, a impressão de alguns aspectos que poderiam ter sido mais desenvolvidos, principalmente no que toca ao final. Ainda assim, o essencial está lá.
Trata-se, pois, de uma história de pureza e de crescimento, ainda que também de crueldade e da destruição de tudo o que é inocente. Uma história tocante, com momentos ternos e momentos tristes e com uma força emocional que fica na memória. Gostei.

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