terça-feira, 2 de agosto de 2011

Memórias de Sherlock Holmes I (Sir Arthur Conan Doyle)

Dando continuidade à crónica dos poderes dedutivos do lendário Sherlock Holmes, relatada pelo seu fiel amigo Watson, encontram-se neste livro quatro casos tão peculiares como o próprio detective que o investiga. E, neste conjunto em concreto, é particularmente curiosa a escolha do conto de abertura. O Problema Final explica de que modo os caminhos de Sherlock se cruzam com a sua némesis, o infame professor Moriarty, e de como a sua persistência em descobrir a verdade o coloca em perigo de vida. Mais próximo, mais emotivo até, que o habitual, um conto cativante, com um final intenso e que, ainda que de forma discreta, revela a verdadeira profundidade da amizade que une Watson ao detective.
Segue-se O Paciente Internado. A história é a de um médico com um benfeitor invulgar e da forma como dois pacientes vêm perturbar a tranquilidade desse indivíduo. Intrigante principalmente pelo exercício de dedução, também este conto apresenta o característico ritmo pausado e a distância na exposição do caso. Interessante, ainda assim, a lição de lealdade.
Em O Enigma de Reigate o que começa por ser uma simples viagem de reestabelecimento após uma doença complicada acaba por se tornar na investigação de um crime. Pausado, como habitual, mas intrigante e com algumas surpresas, este é um conto que, mais pelo caso em si, marca pela manifestação, ao longo de toda a narrativa, da preocupação e amizade que unem o detective e o seu cronista.
Por último, O Corcunda parte do que parece uma simples discussão doméstica, mas é antes o desvendar de segredos antigos. Interessante, ainda que o tom distante seja aqui particularmente evidente, já que quase todo o caso é explicado num diálogo em que Sherlock descreve os seus passos. Marca, ainda assim, o sentido de justiça que transparece na forma peculiar como a situação se encerra.
Excepto, talvez, o primeiro conto, nenhum destes casos será propriamente uma leitura compulsiva. Há, ainda assim, algo de característico na exposição dos poderes dedutivos (e até da falibilidade) do seu protagonista, e o resultado é um conjunto de histórias curiosas e, nalguns momentos, surpreendentes. Afinal, não deve ser por acaso que o único detective consultor do mundo se tornou numa figura intemporal...

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