terça-feira, 8 de março de 2011

Pele (Mo Hayder)

Jack Caffery não consegue afastar do pensamento o caso que, recentemente, abalou a sua vida. E é por isso que, enquanto todas as forças se concentram no desaparecimento de Misty Kitson, Jack continua a rebuscar as mais pequenas pistas em busca da grande pergunta sem resposta desse caso: quem (ou o quê) era a presença inexplicável no cenário macabro do seu último caso, e porque continua essa figura a atormentar a sua vida? Caffery procura respostas, mas há uma outra situação mais premente a necessitar da sua atenção, já que o que parece ser um suicídio indica, apesar de tudo, algumas circunstâncias estranhas. E, no meio de tudo isto, há ainda a história de Flea, envolvida mais profundamente num caso do que alguma vez poderá admitir.
Retomando as investigações de Caffery um pouco depois da conclusão de Ritual, o livro anterior, este é um livro que, apesar de apresentar algumas relações fortes com a história prévia (respondendo a algumas das dúvidas deixadas por esclarecer), é, ainda assim, possível ler este livro sem conhecimento dos anteriores. Isto porque os casos principais acabam por se revelar completamente novos, sem grandes ligações ao passado que não as das memórias e apreensões que despertam nas memórias dos intervenientes. Há, além disso, algumas diferenças significativas se compararmos este livro com Ritual. O ritmo ganha intensidade, a acção e o mistério adquirem maior constância e a ligação entre memórias passadas e actos presentes na vida dos protagonistas apresenta aqui uma força impressionante.
De surpresa em surpresa, a autora estabelece ligações inesperadas, insinuando elos que se revelam falsos e possibilidades pouco ponderadas que acabam por se tornar essenciais. Ainda assim, o que mais marca neste livro é a forma como, num cenário onde a investigação parece ser o elemento de maior relevância, a autora consegue introduzir algo de pessoal, principalmente na história de Flea e do seu grave problema ao longo desta história, criando situações que vão do revoltante ao genuinamente triste, numa visão bastante forte do que, apesar de ligações familiares, não deixa de ser o mais baixo da natureza humana.
Um livro envolvente, com um enredo intenso e cheio de surpresas, mas onde os elos de ligação entre presente e passado, e, por tanto, ao lado mais secreto e pessoal de cada personagem, nunca são descurados. Surpreendente. Misterioso. Muito bom.

1 comentário:

  1. Depois de tal resumo o que posso eu dizer? mais um livro para a minha lista dos livros a ler.

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