quinta-feira, 31 de março de 2011

Oscar Wilde e os Crimes do Vampiro (Gyles Brandreth)

Quando uma recepção organizada pelos duques de Albermale e que conta com a presença das mais relevantes figuras da sociedade acaba numa misteriosa morte, o príncipe de Gales pede a Oscar Wilde e ao seu amigo Arthur Conan Doyle que investiguem. A informação oficial é que a duquesa terá morrido de ataque cardíaco, mas isso não explica os pequenos e profundos ferimentos na garganta da morta. E há um estranho indivíduo que, em busca de protagonismo ou algo mais, afirma ser um vampiro... Será ele o assassino? Ou talvez o médico demasiado interessado na doença da duquesa? Ou outro qualquer indivíduo?
Um dos aspectos mais cativantes é a multiplicidade de pontos de vista que o autor cruza na construção do enredo. Entre cartas, telegramas, notícias de jornal e excertos de diários, o autor dá voz aos diferentes intervenientes para criar um rumo de investigação que, condicionado pelas opiniões e pontos de vista de cada personagem, levanta as mais diversas possibilidades. E quando os principais intervenientes são figuras tão intrigantes como Arthur Conan Doyle, Bram Stoker e, claro, Oscar Wilde, há um outro elemento a dar interesse a esta multiplicidade de vozes: a caracterização de cada um em termos de personalidade e forma de agir.
Tendo em conta os muitos elementos que se vão interligando ao longo da narrativa, é curioso notar que o livro nunca se torna confuso, havendo até uma certa simplicidade na forma directa e sem pormenores desnecessários com que o autor apresenta as circunstâncias. Por outro lado, e ainda que as partes contadas do ponto de vista de Rex LaSalle façam com que alguns dos enigmas se tornem algo previsíveis, essa forma directa de colocar as coisas, sem nada de demasiado rebuscado, apesar do tom enigmático com que Wilde conduz a investigação, levanta suspeitas secundárias, suspeitas estas que se tornam mais interessantes pela condicionante associada à realeza e sua necessidade de evitar escândalos.
Um livro cativante, com uma sequência de acontecimentos envolvente e intrigante e que, com as suas personagens invulgares, torna agradáveis de ler até os seus momentos mais previsíveis. Curiosa, divertida e estranhamente leve, uma boa leitura.

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