quinta-feira, 24 de março de 2011

Eu Mato (Giorgio Faletti)

Monte Carlo. O que parece ser apenas uma chamada de alguém perturbado para um programa de rádio de grande visibilidade revela-se como algo de bastante mais complexo. Há um louco à solta, alguém capaz de cometer múltiplos homicídios sem cometer o mais pequeno deslize. As pistas estão na música que o estranho deixa durante as suas chamadas. O seu percurso é pouco menos que imprevisível. E, para Frank Ottobre, agente do FBI com um passado sombrio, o caso que não desejava investigar tornar-se-á também um percurso de recuperação das suas próprias capacidades.
Eu Mato é um daqueles livros que, ainda que revele desde muito cedo a vastidão do seu potencial, não é propriamente de leitura compulsiva. Isto deve-se em grande parte às múltiplas ligações e mistérios que vão sendo interligados para criar um enredo de grande complexidade. A história de Frank e do seu passado, os momentos dedicados a cada vítima, os atritos e interesses políticos na hierarquia dos agentes da autoridade e até mesmo o aparecimento de uma figura vingativa que é tudo menos inocente vão sendo explorados num ritmo pausado, estabelecendo aos poucos ligações cuja importância só se torna clara com o desenrolar dos acontecimentos.
Em termos de personagens marcantes, o destaque está, como não podia deixar de ser, em Frank, com as sombras de um passado que, ainda que pudesse ter sido mais aprofundado, estabelece elos de profunda empatia, em Hulot, com a sua persistência e amizade dedicadas, apesar dos seus problemas pessoais, e, claro, no assassino, cuja verdadeira natureza se revela de uma complexidade impressionante. Mas também nos elementos mais secundários é possível encontrar aspectos fortes, sendo de referir, em especial, a história de Pierrot com a sua quase angustiante inocência.
Um livro que começa com um ritmo bastante lento, mas que, há medida que as múltiplas ligações se tornam mais evidentes, cresce em intensidade, mistério e também em força emotiva. Algo demorado em pormenores e aspectos secundários, é, ainda assim, uma leitura surpreendente e com momentos de grande impacto. Vale a pena ler.

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