quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Encontro no teu olhar (Maria Teresa Loureiro)

O plano era apenas tomar um café rápido antes das aulas. Mas, ao cruzar aquela porta, o que ela descobriu foi todo um novo mundo de emoções. Um cenário invulgar, o daquele salão de chá, onde as pessoas pareciam demorar-se como se tendo toda a eternidade. E eis que os pensamentos e as histórias de vida de cada uma dessas estranhas figuras começam a ecoar-lhe na mente... como percursos que é imperioso seguir, caminhos que precisam de ser acompanhados. E as histórias que se cruzam, os amores frustrados, os ódios incontroláveis, as ilusões perdidas são também lições de vida para uma protagonista à procura... de si própria, talvez.
Há algo de impressionante na simplicidade com que as pouco mais de cem páginas deste livro conseguem dar voz a sentimentos tão complexos e intensos como o amor e o ódio. Porque esta é uma história simples, no seu essencial, sem grandes elaborações, sem floreados desnecessários, sem linhas narrativas de grande complexidade. E, contudo, a beleza dos sentimentos evocados na escrita é intensa. A força das paixões e ressentimentos que marcam a história de cada personagem é notória. E até o improvável, a impossibilidade do cenário para onde a protagonista se vê irresistivelmente atraída, serve de base para uma história onde o mais relevante, o verdadeiramente importante, está na força das ligações humanas, mesmo quando estas se revelam no seu mais vulnerável.
Tudo parece simples, na verdade. E, contudo, há uma curiosidade crescente ante o sucessivo desvelar de pensamentos e emoções associados a cada "habitante" do estranho salão de chá. Mesmo não sendo completamente explicada a ligação entre a protagonista e aquele local, as histórias que ela descobre tornam-se progressivamente mais próximas, e é essa familiaridade em pleno cenário de impossível que torna tão cativantes as simples vidas de cada uma dessas figuras.
Breve, mas envolvente e com uma grande força emocional, uma história que poderia decorrer num mundo à parte... mas que, no fundo, representa, na sua simplicidade, a proximidade de conflitos e emoções que poderiam marcar a vida de qualquer um de nós.

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