quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sexo, Morte e Futebol (Luís Aguilar)

Sexo, Morte e Futebol. São estes três elementos (ainda que os restantes empalideçam ante a constante presença do primeiro) que marcam a história da vida de Carlos Macedo. O futebol era o seu sonho, já que desde sempre o seu sonho foi trabalhar num jornal desportivo e entrevistar Maradona. A morte era a sua realidade, já que o seu trabalho era, afinal, o de jornalista num jornal de necrologia da margem sul. E o sexo era a sua obsessão, constante e compulsiva, levando-o, por várias vezes, a arruinar belos planos de futuro. É esta a história que este livro conta: de como a obsessão por sexo de Carlos Macedo o afastou do que poderia ser um grande amor e uma carreira brilhante.
O primeiro aspecto a chamar a atenção neste livro será, sem dúvida, o humor. Presente desde a primeira página, negro, irónico, por vezes improvável, o humor é uma parte importante e inseparável do todo que constitui essa história. A própria situação de Carlos, a trabalhar num jornal de nome Necrólogo, e onde as paredes de uma sala estão forradas por cartazes de improváveis modelos de caixões é, por si só, um cenário bizarro. E são estes elementos quase constantes, mas sem que por isso pareçam forçados, de humor e de surreal que dão à história uma certa envolvência.
A escrita não é particularmente elaborada. Na verdade, o autor não se inibe de recorrer ao calão para dar intensidade aos pensamentos de Carlos quando se vê nas mais odiosas situações. Ainda assim, e por mais improvável que possa parecer, o autor consegue intercalar esta atitude geral, de um protagonista que muitas vezes se revela sumamente detestável, com pequenos momentos quase poéticos. E, se a história geral deste livro não podia andar longe da lamechice, também é verdade que contém, em certas circunstâncias, alguns laivos de romantismo bastante interessantes.
Claro que - como o próprio título dá a entender - a componente sexual é, provavelmente, o aspecto mais desenvolvido em todo este livro e, por vezes, a forma como o autor leva a situação ao detalhe (em particular na questão de Clara, a dominadora profissional), acaba por parecer demasiado exaustiva. Ainda assim, este elemento acaba por ser ligeiramente atenuado pela relação entre Carlos e Leila, que, não sendo de todo platónica, parece reflectir sentimentos genuínos.
De leitura leve e envolvente, com uma escrita acessível, este é um livro, afinal, bastante divertido, ainda que com alguns excessos no que toca à componente sexual. Sem grandes elementos do romance comum (mas com uma peculiar espécie de romantismo) e sem sentimentalismos exagerados (mas com um ou outro momento comovente), este Sexo, Morte de Futebol provou ser, afinal, uma leitura bastante agradável.

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