domingo, 29 de novembro de 2009

O Bobo (Christopher Moore)

Pocket é o bobo do rei Lear. Sim, o mesmo rei Lear da peça de Shakespeare. Porque afinal é essa a história que este livro conta. A história de Rei Lear contada da perspectiva do Bobo Negro. E, neste caso, a perspectiva do bobo muda completamente a visão da história.
O primeiro impacto que este livro causa, principalmente a quem (como eu) nunca tenha lido nada do autor, é uma certa estranheza. O autor não tem barreiras nem tabus naquilo que utiliza para fazer humor. Aliás, como ele próprio avisa no início, "esta história é indecente", na medida em que não se abstém de explorar os mais censurados temas para com eles fazer humor. E é porque o autor parte desde o início para um tom completamente surreal que, ao início, é difícil acompanhar e alcançar o conteúdo deste livro.
À medida que a história avança, contudo, e que o que nos pareciam ser simples tiradas de humor um pouco aleatórias começam a ganhar consistência alternando com alguns momentos mais sérios (mas não demasiado, entenda-se) e começando a enquadrar-se no teor da história de traições e conspirações tecidas em volta de Lear. Não se perde, em nada, o tom absurdo da história, mas, à medida que o humor se interliga mais concretamente com a história, tudo começa a fazer sentido e é então que o livro revela todo o seu potencial cómico.
Não é (nem por sombras) um livro para todos os leitores. Não pela linguagem, que é bastante acessível, por vezes até demasiado, mas pela forma como aborda alguns temas e pelo tipo de humor que apresenta. A imensidade de referências sexuais, algumas delas muito estranhas, e a recorrente tendência para o surreal em alguns momentos, afastarão certamente os leitores que estejam à espera de uma obra mais concreta e de mais conteúdo. Para quem procura um livro para divertir e, principalmente, sem tabus, com uma grande dose de absurdo, mas com alguns momentos extremamente bem concebidos, então este será um livro para apreciar.
Balanço final: gostei. Não será uma obra marcante, mas também não me parece que seja esse o objectivo. E, num livro que se pretende cómico, penso que os objectivos foram plenamente cumpridos. É uma óptima leitura para aliviar a tensão ou, simplesmente, para distrair por umas horas. Diverti-me bastante e fiquei com vontade de conhecer mais da obra deste autor.

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