sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um Pinguim na Garagem (Luís Caminha)

E se um dia um de nós descobrisse que é o clone do próprio pai? Que é mais semelhante ao progenitor, tanto em traços físicos, como em emoções em comportamentos, do que desejaria? O que poderíamos fazer? O que aconteceria com o nosso estado mental?
Um Pinguim na Garagem é um livro pequeno, mas que, nas suas menos de 200 páginas, aborda estas questões e muito mais. O protagonista, luís (com minúscula, que assim se escrevem os nomes nesta obra) viaja pelas suas memórias e, enquanto conta a sua história a um irmão que mal chegamos a vislumbrar, transporta os seus leitores para dentro do seu estranho mundo, desde a infância aos amores e paixonetas, passando pelos seus momentos mais perturbados e mesmo aparentemente loucos.
Há vários momentos ao longo deste livro capazes de levar o leitor a pensar. O desenrolar dos acontecimentos, contados na primeira pessoa, aproxima-nos do protagonista e, através dos seus múltiplos fragmentos de história, cujas motivações só no final entendemos, somos levados a reflectir e a sentir com as pequenas tragédias e inseguranças do quotidiano que, reunidas, levam, talvez, ao caos interior. De realçar ainda, sem revelar demasiado da história, os que foram para mim os momentos mais marcantes: quando luís fala dos seus animais de estimação, descreve-os de uma forma tão terna e tão encantadora que é impossível não imaginar aqueles momentos a decorrer ao nosso lado.
Trata-se, em resumo, de um livro muito simples na sua história, mas complexo na sua mensagem. É possível que, nalguns momentos, seja, devido à sua constante derivação no tempo, um pouco difícil de seguir, mas o conteúdo total do livro compensa claramente o esforço. Para quem o puder apreciar com toda a calma e a profundidade das suas reflexões, este será, sem dúvida, um livro magnífico. Muito, muito bom.

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